MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
}. . 1 66 RAIMUNDO MORAIS de seus olhos reteve. Prodigiosa a vertigem do sew pincel, e mais prodigiosá ·ainda a tonalidade da clo– rofila que lhe ibrinca na paleta. Sóbe das nuances, claras às nuances glaucas, passando pelos tc;ms, queimados, pelos tons castanhos, pelos tons f erru.. gens das f@lhas novas, dos brotos, dos grelos, dos, palmitos, numa verdadeira orgia de esmeraldas que: desmaiassem em ow}as, em pervincas, em violetas. Sempre que o chapeu de sol das essencias Se' renova, de acordo com o encher e o vazar das; aguas nos regimens ánuos da hidrografia amazô– nica, a tinta das folhas se altera e grita num con- , traste singular de côres à primeira vista. alheias à Ulitlbela. Isto onde os raios solares multiplicam a, seiva floral. Os tons sombrios, as vagas manchas cinzentas, o ambiente de fugidias e incertas clari– dades que erram no seio da mata virgem do -nosso– estuario, foram iniimitavelmente surpreendidos pela, visão fotográfica do Sr. Vicente Leite. Teve o festejado pintor cearense a felicidade: de subir para: o Estado vizinho em navio inglês da Booth Line & Comp. ("Anseltn")., que escalou num dos pontos madeireiros dos estreitos de :Br.eves. Lá, a vida vegetativa assume tons bravios e multifariosc de "selva selvaggia". Em nenhuma rechã da Ama-· zônia a fl(l)resta é, como aí, tão ·emaramhada, tão, densa, tão obscura, tão cheia de cipós, do lianas, de festéiies, de espimhos, de fétos, cle tajás, de ervas,, da multidão, em suma, de esp·écimens óotânicos,.
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