MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
COSMORAMA 63 repica o seu instrumento como se fôra o sino das ermidas, ora os repuxa como se fossem de uma basílica arruinada e sinistra. Quando indicam que o alvo do golfo amazônico vai ser desvendado ae clarear do dia, nessa curiosa síncope do "tepaco– ema", espalham no eter pipilos de ninhos, estrídu– los de cigarras, zum-zuns de grilos. Parecem gui– sas. São os sinos de ouro. · · Por eles, campainhas celestes, levanta-se o veu fluvio que deixa ver os bancos, as restingas, as corôas, as •pedras, os ba<ixios, as maremas mal vesti– das de verde. Há, na amplidão, um ritmo de som entrelaçado ao ritmo de luz. Devem ser os deuses, rnntando histórias na música descritiva de seus ias– .trmnentos misteriosos. ~tes da aurora, anterior aos primeiros avisos do carro do Sol, já eles ha– viam tocado o sino de veludo, que adormece as onças e as cobras nas madrugadas entorpecentes da Planic:e. · Mª§ ª Pªrâbola clª lm~ sóbe t de ce Pªril o t1cide.nt @, quruid-0 ntão se ouve o dobra.do do cre• I ' ui , §i d [ ~ § in n · §1 ' ~I ff sangrento dos h m rais do dia qu agonisa. Vai des- () n o a tr "°'' hG=§ o pain 1 dA 1 trnoo mr– tuaria. Queimou-se o pa1acio do o1 na fogueira maravilhosa de mil tons cscarlates. No entanto, a voz metálica oeste sino de bronze, de repente, p@F ama nuvem que se desmancha em chuva, fustiga o ar num rugido colérico. Ouve-se o tropel de mil
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