MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

vn RELõGIOS E SINOS AQUATICOS Singularíssima a Amazônia. Seus relógios e sinos são aquáticos. Quem bate as horas, os minu– tes, os segundos, n.a clepsidra equatorial do oriente da Planície, é a maré. As vazantes e as enchentes, no ocidente dessa mesma Planície, marcam os me– ses e os anos. As alternativas de níveis pot~cos, na bacia mediterranea, anunciadoras de modifica– ções hidrográficas, surgem nos repiquetes. As poro– rócas, ponteiros fabulosos de iáras, remarcam, no estuari© do Rio-Mar, na gárgula gigantesca, os equinoci0s de inverno e verão. O bater multifario «de tod0s esses ruídos. gra– ves e sutis, miucd@s e largos, se traduz no mostra– dor dos taludes, das rifuanceiras, das pe<!lras e das praias; co11>orifica-se no ponteiro destruidor das orlas ribeirinhas. _Essas orlas se transfigura e so– mem-se ao contacto volutuoso da linfa. Esborôam– -se e afundam-se, transformancilo a máscara da terra, teFra que ma.17cha então diluída e aguáda na c0rrente em busca de mar.

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