MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
J. • , . I I 40 ' RAIMUNDO MORAIS metia ·os dedos, com a pena, dentro do tinteiro, es– pirrava tinta por toda a parte e quebrava todas as. penas .. : Quintino Bocaiuva :respondeu aos pare– distàs que atenderia à reclamação se lhe r.:1ostrassem. original de Machado de Assis que não conseguisse– ler. Trouxeram-lho; e não só não o poude ler Quin– tino Bocaiuva, como o próp1do Machado, que che– gava à sala da redação pouco depois. Riram todos, e Machado de Assis foi tomar por p·rofessor de· escrita o célebre calíg11afo americ~o Guilherme· Scully, que, segundo os anuncios, ensinava a es– crever na perfeição em trinta lições." Da caligrafja, subiu, sem dúvida, à aprendi– zagem de idiomas estrangeiros, francês, inglês, ita..:.. Iiano, al~mão e latim. Era nessa forja diâria de– jornal, em pleno romantismo, que Machado de As– sis ia•modelando, toscamente, os caracteres as fi-• ' guras, os tipos que, de futuro, haviam de aparecer- polidos e definitivos nos seus contos e nos seus ro– mances. Os folhetins, os pequenos ensa,ios, as aqMa– relas, as crónicas, as críticas, o teatlio, num turbi-• lhão de sínteses que esperariam apenas o· lífilesmo, artífice em horas mais folgadas e demoradas para desdobrá-las nos vultos com sangue, nervos e mús– culos, foram batidos na bigorna cla imprensa, no lufa-lufa do pensar e do grafar até pô-los a agir · no rodopio da vida. E' desse tempo nervoso de trabalho que Ma· chaol_o de Assis remarea os seus encontros, nas re-
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