MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
R AIMUNDO MORAIS àes árvores pelos rios. _ Ia na enxur_rada, embora a enxurrada o lapidasse. Nessa parábola, é certo, ele acumulou tesouros de experiencia. Sua arca de artista ~o; elesco parecia a de um nababo, que junta metais e pedras preciosas, para levantar o fantás– tico palacio psicológico de seus contos e _de seus ro– mances. O contacto diario com certos caracteres dispa– res, mansos, atrevidos, insolentes, humildes, argu– tos, manhosos, habeis, lastra__va-lhe o porão da náu que conduzia indeciso por entre as pedras meio mergulhadas. Ia singrando, no entanto. Mas, assim como amontoava a matéria-prima dos tipos que ,poria em jogo no turbiq1ão novelesco, o humorista acumulava tambem inimigos que não lhe perdoa– vam os remoqll€s e as cutiladas jornalisticas. São estes os alicerces de que disp-unha Ma– chado <ile Assis para ascender à gloria. Foi sobre eles que construiu o monum'ento que o eterniza no Panteou Niacional. Tais alicerces, como se eviden– cia numa simples vista dolhos, eram todos regionais, arrancados à capital da Republica, alheios, pois às ·largas generalizações universalis. E4tará Machado de Assis, todavia, isolado nesse curioso aspecto de aparencia negativa? . Será ele o único no mundo a quem tenha sucedido isso? Não. Deixaremos de afligir o leitor, empilhando citações, para somente . mencionar uma: a de Grazia, Deledda, que con– quis~ou o prêmio Nobel de literatura, já lá vão uns
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