MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
COSMORAMA 17 gorias em par.afina. Atrás a berlinda, puxada geral– mente a cordas duplas entregues ao povo. Nalguns anos os arcebispos impugnam as cordas. O povo grita. Certos governos garantem a ordem eclesi– <1.stica, outros ficam ,ao lado da multidão e garan– tem as cordas. Nessa política pró ou contra já se chegou a ir, por intermedio do ministro das Rela– ções Exteriores, até a Santa· Sé, que, não dese– jando melindrar o seu representante católico em :&!lém, declarou-se por este, consentindo, entre– ~anto, uma corda curta, cinco ou seis metros ... Mas às cordas sagradas o povo, influenciado sem dúvida pelo espirita herege, emenda as suas, e a onda humana, arrastando a querida reliquia, segue ' cantando e sorrindo. No turbilhão popular que acompanha a Vir– gem de Nazaré, tão pequenina quanto milagrosa, Pois não vai muito além ·de dois palmos, surgem as promessas, qu~ se c'Umprem \religiosa e estrita– mente: aqui, um sujeito carregando um navio de tnirití; ali, outrn com uma · pedra na cabeça; acolá, certa mulher, nova Samaritana, com uni pote dágua cheio, dando de bebe~ _aos fiéis de guéla sêca; mais atrás, um côxo carregando uma perna de cêra ; de repente, um tipo de cara recoberta de cicatrizes e:,cibe, tambem de cêra, a sua propria máscara toda ulcerada. Ao lado, funéreo penitente, envergando sambenito, carrega um caixão de defunto. Isto, além das senhoras e cavalheiros que acompanham .
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