MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
.- ..16 RAIMUNDO MORAIS -olhando as vitrines, abalroando os transeuntes, pi– sando no pé alheio. Afinal chega a vespera da grande data. As ' sete horas da noite, a V/ rgem de Nazaré, que re– side no Instituto Gentil Bittencoui;t, é transportada para a Catedral, rodeada de fogos de bengala, ar– chotes, bandas de musica, e em companhia da mul-. tidão. Já vai no seu lindo nicho volante. No dia se~inte é o círio, procissão matinal. A santa sai da Sé às sete da manhã na sua fulgurante berlinda, que parece uma sege majestosa, apaimelada em cFis– tal e recoberta de ouro, e vai chegar à Basilica, à praça Justo Chermont, às onze horas, por entre um 'borborinho de vozes ensurdecedoras, apitos, gaitas, · businas, charangas, sinos que repicam alegremente e o carrilhão que toca hinos sagrados, anúnciando a eleita do. Senhor. Some-se a isto o silvo do car– roussel, o ronco da ola girantoriér e a trepidação dos aeroplanos voando em tôrno dum forte eixo de ferro. E' um Pat1demonio. A poeira alta e o sol escaldante pedem refrescos. Os devotos invadem -os bars, os botequins, os lagares onde se vende garapa, e bebericam. Antes, porém, a santã, num cortejo de cento e cincoénta mil pessôas, marcha tirada pelo CarFo Precursor, símbolo de tulila fortaleza onde se ou– -vem clarins e tiros. Segue-se-lhe o anjo Custodio e o escalér cheio de serafins, carregado por maru– jos. Depois, o Carro dos Milagtes, rep1eto de ale-
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