MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
14 RAIMUNDO MORAIS nettes". Enchem os sobreditos o papinha e ·namo-· rarn .as serventes. Em ºfrente à Basílica, uma fila de cadeiras de· balanço do tempo do ronca dá assento aos banquei– ros, comerciantes, fazençleiros , jornalistas, ricaços,. a cinco mil réis por cabeça, de parte a gente da. imprensa ... ·Daí esses "categ0rias" assistem ao ·ro– dar perene da massa de fiéis, que passa e repassa, vai e vem mesclada no preto, no bran.co , no cabo- – elo, no mulato, no cafuz. Por trás dessa fila de· cadeiras, a Barraca da san~a, servida por senhori:.. tas da alta roda. Cada noite uma familia importante: · da cidade arruma . o seu cardápio e oferece aos ro– meiros endinheirados a melhor comirla da terra. Aí tudo é elegancia, r~papé, fidalguia aos "paparo- ·queiros", com a simples condição de não haver trôco para as notas de pagame~to. Quem puxa uma. pelega de cincoenta, por · distração, já se vê, veri– fica depois que não há moeda divisionaria na casa. Suspira profundamente, mas é tarde ... No fim. dá-se o !balanço na renda e veri:liiça-se, documemta– damente nos diarios, qual a familia que apurou tnais, quinze contos, dez, cinco, tudo para concluir a Basílica. A Virgem, então, abençôa a vencedora- Há, ainda, outra barraca junto à igreja, des- . tinada ao leilão das cousas e lousas oferecidas a Nossa Senhora: vitelas, onças, jabotis, macacos~ novilhos, antas, jaburús, araras, papagaios, peri– qu.itos, "surptezas", pudims, pães de ló, etc. Em ·
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