MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

COSMORAMA 1-.17 coluna dum templo, é um exemplo perpendicular e vertical duma aleluia que se empina para ci– ma, na conquista dum penhor que é o reino do Senhor. Tua madeira de lei, dura como pedra, rija como aço, possue o tom baço da boa carpin– taria. Ora é quilha de fragata ora caverna d€ bergantim, aqui tabua de convés no bojo dos batéis, ali porta de leme que tanto geme ao de– sabar do vendaval. Minha esposa Catarina, mi– nha neta Terezinha, cortem um ramo desta ár– vore, a linda Castanheira, pra s_e fazer uma gri– nalda de liturgia -e devoção. Nós te adoramos ó Castanheira! no cantar desta canção. Minha esposa Catarina, faz dormir as tuas netinhas ao sabor das boas cantigas tão amiga~ do sonhar. Narra-lhes •tudo que ouviste e des– cobriste nos serões da adolescencia. Conta-11].e as "Histórias Silvestres" dos bons tempos cam– pestres, quando os bichos falavam. Os bichos só, não, senhora, mas tambem os vegetais, que, por certo, são iguais. Não te esqueças do casar do macaco com a curica toda trica e palradora, nem da aranha combatendo a investida <la saú– ba na cabeça duma ponte que atravessava o caudal em certa fonte, azul e milagrosa, pendu– rada num monte . Conta-lhes a guerra do capim entre a canarana e o rnorí, mais cruel que a da mangerona com o alecrim; os esponsais do mi- ,. , rití com a generosa pupunha, e mais a contenda

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