MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
C'üS M OR A M A 145 quarto-crescente, lembram gôndolas sem gondo– leiros, bucentauros sem doges nem anel, navios :;;em velas, náus sem mastros, galeões deslum– brantes, em suma, vogando na amplidão azul do ceu sem receio do tufão. Tua amêndoa, alva co– mo o trigo, dá o leite, a carne e o pão. O oleo fino dessa consoada, misto de hostia e bálsamo, cura a alma e cura o corpo, dando a existenci;i que dura ao tirar o mal que se depura. T eus ramos recobertos de peitos evocam, nos eleitos, o colo pagão de Céres. Ca.da fruto que se t•~ dependure do seio cândido, ó linda princeza, é um mamilo dadivoso dessa deusa em ti encar– nada. Efígie da abundancia, ao redor de teu perfil, não se chora nem soluça. Só alegrias ir– radias. Carregas por emblema o riso e por sím– bolo O amor. Os coribantes, na dansa louca de Cibele, giram em corrupios delirantes pa ra te agradar. Fidalga, de sangue azul, não sabes pi– sar no tijuco, nem por o pezinho no chão. Cal– ças pqr isso o sapato fabuloso da Cindarela, co– turno e tali smã de gente nobre , amuleto singu– lar que de inimigo nos encobre . Catarina minha esposa , T erezinha minha neta; olhem aqui pra Castanheira, dent ro num veu de luar, distribuin– do mil amêndoas á gent e egressa do mar . Nós te adoramos, sacerdotisa do bem, entoando o cantar des ta canção. Nossa musa como vês, Cas tanheira da Pro-
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