MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

COSMORAMA 13 não há teatro que preste no largo. Até o J araráca virou mussurana". Na orla interna do "trottoir" levantam-se bar~õ raquinhas em estilo marajoára, enfeitadas de care'.-{ J-~ ... •; l tas, nas quais se vende bi:_inquedo. Há o papai-ma-· :-' 1 I',.,. ·mãe, _o berimbau, o balão, a boneca, a corneta, o tambor. a flaut~, a gaita e as joias falsas. Na parte externa desse "trottoir" repontam os baús de folha de ven~edores de pasteis, de doces, de vinhos, de xaropes. Em volta do. arraial, nas ~sas fixas e alugadas para esse fim, avultam as baiúcas de jogo. Aparece a rolêta, o dado, o pipo, o jaburú, o bacará. A maioria dos freguezes fica lisa, a minoria ganha UtlS cobres. . . A praça toda, faiscante de luzes, parece dia, tal a poeira de ouro que a ilumina. Na -entrada do levante e do poente dessa praça - gran- des paineis simbólicos feitos de fios elétricos e cam– pánulas colo_ridas. A multidão devota rod_a no "trottoir", à direita ·e à esquerda, satisfeita com a santa, tão amiga de fazer o bem, quant0 liberal nos divertimentos. Ao centro do largo - os quitutes : paca, bacú, pato no tucupí; casquinhos de mussuan e caranguejo; marrecas, tigelas de assaí, mingau, tacacá, servidos por mulatinhas com o pente de coque enfeitado de jasmins e rosas. Os pobres e os boêmios. preferem estes repastos, mastigados e engulidos sob os olha– res das curibócas de aventais, com ares de "garço-

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