MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
140 RAIMUNDO MORAIS fres o golpe cruel do machadinho do homem que proteges. Tens o condão benfazejo de todas as mães, que, na renuncia do proprio ser, mais es– tremecem os filhos que as maltratam. Princi– piaste dando mama ao nordestino enxotadó pelo cataclismo climático do sertão adusto do Meio– Narte. Flagelado pelo fogo, ele te flagela agoia com o talho matricida de sua lâmina. CONSA– GRADA SEJAS! CONSAGRADA SEJAS! Além do fio alvo que derramas nos labios gretados desses famintos ressequidos na gleba candente e calcinada, ainda lhes derramas no espirita o sentido altruístico de amansadores de brenhas, de construtores de vilas e cidades, <le pioneiros, enfim, da civilização. E' contritos que te rogamos, é de joelhos que te _pedimos a in– dulgencia por todas essas culpas, ó terna Serin– gueira, ó arvore singular das metamorfoses. BEMAVENTURADA SEJAS! BEMAVEN– TURADA SEJAS! Tua fronde lembra um clorofilado baldaqui– no litúrgico, teu fuste uma torre d.e miraculosos encantos, tuas raízes os alicerces suntuosos du– ma lendaria Casa de Moedas. A lágrima que choras no Equador ri-se nos Polos e erra va– gabunda, na multiplicidade industrial de mil ob– jetos. E' bota, capote, sueste 'de nauta sob os vanclavai s marinhos ; é caneta, tinteiro, esponja nos escritorios; é capacete, luvas, meias, linha,
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