MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

XIX MITOS PRECOLOMBIANOS Se o aruac, antes de se fixar em Marajó, já "trazia na memoria os dois mitos universais•da agua e do fogo, isto é, do diluvio e das secas, as condi– ções fisicas da ilha, provocando anualmente as inundações e as queimadas, avivaram-lhe essas len– das, corporificando-as nos hieroglifos. Dentro da multiplicidade de alegorias colhidas .pelos etnólogos nas malocas aborigenos, avultam ,estes dois quadros interessantes, que ainda hoje se remarcam nas ingenuas narrativas dos arquinetos -do aruã, quer no farelhão onde viveram muitas centurias, quer no vale. melhor, na vasta bacia amazônica, desde a foz do grande rio até encostar nas faldas andinas da alta muralha de pedra. A respeito das cheias inundantes, devoradoras de animais, de casas, de índios e da propria terra, não é preciso forte imaginação para se chegar ao diluvio. As grossas chuvas, que duram meses na planície e levam a agua à cu111ieira das choupanas, maxímé quando o degelo na cordilheira coincide

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