MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

COSMORAMA 127 na gleba em que vivemos - plástica, mole, mal amassada ainda - um homem afeito ao sólo prehis– tórico, revolvido de vulcões, lavrado por uma gente anterior aos sóes destes dias? Como poderia Ki– pling, adstrito aos mares em que Haeckel descobriu a monéra, suposto plasma do homem, interpretar um solo tão original, que o conde de Castelnau afirma ser a planicie mais velha que as montanhas? Impossível! O nativo da plaga vetusta, tantas ve– zes alterada, modificada, transformada em sua más– cara telúrica, ficaria perturbado ao ver a maravilha fluvia que tece o detrito, a escória, o residuo alu– vial para o grande lençol pampeano Ba nossa pla– nura. ~stas condições, o produto da serra seria um estranho na varzea que aflora do seio dos nos e dos lagos, dos pântanos e dos igarapés. Que se pedisse para os nossos domínios renas– centes dos veios hidrográficos um homem cósmico como ·Alexandre Humboldt, que andou espiando o gênesis por entre as pernas da Natureza, vá se– riamos coerentes. A geografia, a ciência, a beleza, reunidas no espirito de quem não olhava só o mis– terio caótico teriam no extraordinario teuto o defi– nidor magistral dum colchete geológico que se fe– cha no recanto mais novo do planeta. Porque Hum– boldt não foi sómente o adivinho penetrante dos segredos panteisticos, mas, e sobretudo, um ingenuo poeta descritivo dos mil segredos de Pandora. Quem lê e medita o sabio nórdioo fica certo de que

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