MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

116 RAIMUNDO M9RAIS racol branco até se desfazer na franja espumante de alvos capulhos. O ressonar das aguas, que fôra talvez sonho com pesadelo, -agitado e inquieto, transmudou-se no arfar manso de plácido repouso. As iáras e as boiunas no simbolo autoctone da mãe dagua mal respiram no silencio das vagas dormentes. E' o que nos traduz o miraculoso orientalista das côres na ponta do seu pincel. N]ão finda aqui, porém, o jôgo floral da arte wambacheana. Há- outros quadros magníficos ho seu album. Ternos que examina-lo como retratista. Alguns tipos que ele surpreendeu trazem o cunho da flagrancia. Determinado canoeiro que lhe caíu da paleta, homem da zona bragantina, comedor de peixe, musculosa, forte, vaga tristez~ no olhar; dá uma idéia completa desse aquarelista galvanizador de figuras. Assim uma cabocla do Alto-Amazonas, por acaso encontrada no Mosqueiro. Forte sem se1" bela, graciosa sem ser elegante, desembaraçada sem dei– xar de ser matuta, é padrão feminino da descen– dencia aborígene, e remarca uma geração que se vem projetando cla maloca para a cidade mesclada ao afer e áo aria.· O amerindio, o p1"eto e o branco se lhe conden– sam na tez, nos supercílios, nos cabelos, nos olhos, nariz, boca e queixo. São os tres elementos que andam etnologicamente a se diluir no cadinho racial

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