MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
COSMO RAMA 113 bido, por certo, para marcar no ambiente as grada.– -ções colo1ridas do prisma, as tonalidades polàrizadas que flutuam sob o cariz do céu. Dos templos e praças, bosques e ruas, que o seu pincel fixou em admiravel galeria, passou ele, na última etapa do trabalho, às séde~ dos governos estadual e municipal,- revelando pormenores, nugas e contornos externos que escapam à critica apres– sada dos espectadores escoteiros. O Palacio Amarelo e o Palacio Azul, da Inter– ventoria e da Prefeitura, surgem, assim, como dois edificios seculares, veneraveis documentos da ar– quitetur.;_ monótona dos lusíadas. Mas surgem re– vestidos já pelo manto de ouro com que os reco– bre Wamli>ach. Isso quer dizer que a claridade é nossa, que a penumbra é nossa, nossos os meios-tons e todo o mais que se agita e move e anda e gira e' vôa em tomo daqueles casarões trazidos da Península. E' a refração da luz nas pupilas do artista. Porque os olhos de Wambach, de azul misterioso, carregam nas contas oculares matizes indecifraveis. Não são • azues-marinho, nem azues-pervinca, nem azues- metálico, nem azues-~umaça. E' um azul (lUe não tem no iris. Daí, talvez, o segredo de sua cámara– escura reproduzir com tanta fidelidade o 4ue erra. boia e emza no espaço. Ninguem sabe se Wambach furta as tintas do arco-da-velha ou da caixinha de Pandora, de singulares e requintadas que são. Dir-
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