MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

110 RAIMUNDO MORAIS E' natural, por isso, que o fe~tejado Georges. Wambach, ficando apenas na frontaria dos dois. templos, não surpreenda estes pormenores internos,. quasi psicológicos, só possíveis de serem observa– dos pelos devotos que não se circunscrevam à pressa da água benta: aspergida nas pias de entrada. Urna cousa, todavia, há-de chamar a atenção-· do prodigioso artista: é que desde as ermidas até· às catedrais, desde as capelas até às basilicas para– enses, o feitio é o mesmo, singular, típico, uno, por– tuguês. Nas cimalhas, nas cornijas, nas portadas,. nos campa~arios, na coloração alvacenta, nas rosa– ce,as, nos vitrais, o selo é de além-mar. O carimbo. é lusíada. O fato, aliás, ocorre em todo o Brasil por onde se erga um templo. Nos mil modelos argamassados. na argila plástica do nosso barro, ou articulados na; pedra de nossa canteira, o padrão ~ o tra2:ido em fragatas. V:eio na ~scarcela missjonaría dos AR– cn.ieta e dos Vieira. N.ão há variantes no detalhe-– e no contôrno, na grandeza ou na pequenês, capa– zes de lhe.s quebrar a fisionomia externa. Dir-se-ia. uma raça estrutural de casas de Deus, das mais. remotas éras lusas, resistindo no Brasil a novos. figurinos. Daí a multidão de templos em nosso país com. o mesmo semblante, com identica máscara - a máscara portuguesa. Na maioria deles, o que rege ainda a parte ornamental são as velhas alegorias..

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