MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.
COSMO RAM A . 1!1~ Voltemos, porém, às igrejas cristãs, e, sobr~\s\! ;; tudo, à Basilica de N:azaré, cuja frontaria o ôlho -peregrino de War11bach acaba de recolher para a -sua volante· pinacoteca. · Se o pintor penetrasse ,pela nave a dentro da Basilica, n6taria logo a riqueza das alfaias, o exo– tismo dos paramentos, das rendas, de tudo, enfim, que é lindo e caro por entre os mármores de Car– rara, de tons variados, e os alvos jaspes da Penin– sula. Neste -ponto, a igreja referida chega a ser suntuosa. As decorações, os ornatos, o fausto, re– camados nos mais fugidios togares, das colunas do .adro ao panejamento do altar mór, derramam-lhe · uma pletóra de atavios acima do necessario~ me- lhor, ao arrepio do bom gôsto, da arte fina e ritmica, col~ida na perspectiva educada nos con– frontos e nos balanços universais. E' evidentemente um templo que os linguaru– dos poderiam, sem maior escândalo, chamar de no– vo-ric@, tão amontoados e superfluos andam aí os 11equififes. Falta-lhe no alinde a sobriedade sutil, a <lel,icadeza freiratica dos monges imaginosos, ~ria– dores de ambiente ideal, ambi8 '1.te esse que voga :t10 eter religioso da Sé. Por evocação divina, panice que palpita na atmosfera da nossa Matriz a asa sagi;ada dum siJJnbolo, manso e litúrgico, eatornando sobre a eruz do pavimento emotivos sinais de sin– _geleza em tudo que a reveste. A prece alí se nos ·a;figura mais cândida, mais ingenua, mais sublime,
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0