MORAIS, Raimundo. Cosmorama. Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti, 1940. 148 p.

.. 1.0 RAIMUNDO MORAIS ,d~ montes convulsionados pelo fogo, estendem-se as planicies urdidas agua. De cima só há em .baixo um tapete de clorofila que lembra um novo .Mar amazênico de Sargaços. Os penha!:icos destmdos, os rochedos escalva– ,dos, as !ages alcantiladas, ' ora vermelhos, ora roxos, ,ora pretos, ao quebrarem a monotonia da verdura, lembram feridas abertas na ter.ra . A visão perpen– •dicular, no entanto, não invadia somente a ótica; ,invadiu tambem a geometria. O moderno problema físico de Enstein, que ampliou a teoria de Euclides .,com uma quarta dimensão, reduz-se, no olhar do pássaro maravilhoso, a uma apenas: a plana, infi– ·nita, sem as carateristicas de altura, de compri– mento, de largura, e, muito menos, a colhida pos– teriormente no estudo impressionante do grande . - .matemático austriaco. Eis, assim, num ligeiro balanço, o que fez esse ·genio patricio que foi Santos Dumont, ao criar a ·.asa, o ,pássaro metálico, a levitação do mais pe– sado que o ar, enfim: subverter a física, o cálculo, .a visão, a tinta e ·a arte de reduzir distancias. Os corpos descortinados agora pelo gavião metálico que estridula, à feição de gigantesca cigarra, fµ– rando cúmulos e cirros, só tem uma face, das .-quatro expostas nos teoremas dos sabias.

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