CARVALHO, João Marques de. Contos do Norte. Belém: A. A. Silva, 1900. 139 p.

77 fulgores da esperança d' aquella creatura; mas também levava a sua angustia mais negra quando ultrapassava a porta do jardim, afastando estrada a fóra o arruido das rodas. O insondavel tormento durou ainda no outro dia. Só á tar– de, parou um carro á porta. Cor– reu Paquinba a receber o amante, - que outrem não esperava ella, prestes a perdoar tudo a troco de um beijo compassivo. Surgiu-lhe deanle o cocheiro, extendendo uma carta. Em dez linha,, J ulio des– pedia- se da rapariga, alleganclo ter notado c1ue a sua companhia, d'elle, já lhe não offerecia encan– tos! Foi esta ferina evasiva que mais doeu na alma de Paquinba. Nem um só momento pensou em dis– suadir J ulio, cuja perversidade, as– sim tão cruamente cynica, chegou quasi a revoltai-a. Que o desen– gano era definitivo, sem remissão, comprebendeu-o logo; mas o seu amor-proprio, de tal arte aviltado, teve a força de suffocar o senti-

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