CARVALHO, João Marques de. Contos do Norte. Belém: A. A. Silva, 1900. 139 p.
58 Ourém, fôra creada pela avó, hu– milde tapuia cujo nome a chronica desdenhara registrar. Morrera-lhe a mãe ás poucas horas do puerpe– rio difficil. Até á adolescencia, a vida tinha deslisado sem peripe– cias notaveis, na insipidez lacustre do logarejo. Um dia, porém, suas graças fascinaran1 o escrivão de um dos vapores da linha: - dei– xou-se a rapariga raptar, em triste madrugada de chuva. O seductor, passado o primeiro enlêvo, na ca– pital, diminuiu os mantimentos na dispensa; 1 mas, a pretexto de ciu- 1nes, entrou de espancal-a con1 vigor. Por un1 1non1cnto, resignou– se a neta da cabocla de Ourém ; todavia, foi curta a passiva submis– são. Lembrou-se dos mimos per– didos, no carinhoso lar da aYÓ e fugiu da casa do embarca<liço, dis– posta a voltar para junto da ve– lhinha. Na rua, teve a in1 prcss,io de achar- se n'um labyrintho: era a priineira vez que sabia, en1 ta111a– nho povoado ; a casaria chegou a
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