CARVALHO, João Marques de. Contos do Norte. Belém: A. A. Silva, 1900. 139 p.
1 35 cada joelho, acariciava-os de man– so, ainimava-os, cobrindo-os de beijos e de silenciosas lágrymas. De tudo isto lembrava-se o des– ditoso Sil\'erio, inerte no banco da avenida, as pernas entorpeci– das pela demorada immobilidade. Ainda ha pouco, ao anoitecer, hou– Yera ein casa uma terri\'el sccna. Persuadira-se Luiza estar o 111ari– do auferindo grandes lucros n'uma industria inaugurada mezes antes, lucros que desviava ás occultas para a Europa. E deu para exi– gir-lhe « a sua parte no negocio ))_ Sogro e sogra tinham acudido com argumentos e gritos: « De certo, é preciso pintar já para aqui os co– bres!" E, desenvolvendo preceitos juridicos, explicava o velhote que « a não cohabilação material dos conjuges recolhidos sob o mesmo tecto não impedia a co-participa– ção na pecunia •· Dispensou-se de se desculpar, o Silverio; e, para não iren1 mais longe os brados, que estavam já a incommodar a vi– zinhança, tomou dissimuladamen-
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