MARANHÃO, Haroldo. Chapéu de três bicos. Rio de Janeiro: Estrela, [1980]. 43 p.

to de funeral, supondo que a rotina hospi talar a deitaria fora, de .mistura com gaze ensanguentada, tiras de pele, pedaços de algodão, restos de tendões, na lata do li xo; bem, explicou a funerária: o ~ospital naquele caso direto mandará acompanhado de papel, se os parentes da mão, logo dela es quecidos, ocuparem-se da cicatrização, da mitigação das dores, da convalescença, da alta, da terapia da porrada psicológica.Se há corpos inteiros defuntos, que prontame~ te se esquecem, quanto mais simples ped~ ço, libra inútil de carne. Hospital embr~ lharia, não havendo por que retê-la no fri gorífico, nem podendo deixá-la ir de mistu ra com os detritos das cirurgias: despach~ ria para a Santa! Casa! Da Misericórdia!,a qual então sem cuidados maiores, embrulha da em jornal provavelmente, enterraria de uma vez como indigente. Se é que fariam constar que, nos registros; ~ e nao se imp.2, riam trabalhos de enterrar, dariam para um gato comer. Açonteceu~me sonhar com a mão andan do no chão como caranguejo. Ela vinha vin do, torta e deliberada para me agarrar, nao largar nunca mais, cravar-se no meu braço como que para reinserir-se,reembutiE 46

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