MARANHÃO, Haroldo. Chapéu de três bicos. Rio de Janeiro: Estrela, [1980]. 43 p.

estar lendo assunto engraçado porque a ca– ra, comentou-se no velório, era a de um morto sem mostra de desagrado pelo próprio óbito, talvez mesmo especial prazer. ra lembro que fiquei tenso, o revólver na mão, trêmulo, espreitando da janela aque- les filhos da puta na esquina. Por exem- plo: albacora. ~ palavra limpa e reta: mãe já é fanhosa, mãe, palavra horrendíssima. Palavras lineares: relva, gume, espaç-o, n!:,_ crotério. Aí comecei a evitar seu rápido nariz, mera ondulação no rosto calmo, que confesso lamberia como um gato, por aí co meçaria a, bem, mas o que me nnfureceu até às últimas foi o episódio dos sambaquis. E lisa~ alta funcionária autárquica . , e viuva de diplomata, pergunta assim: "Tu gozou?", com o que mais se e me excita. O dono da futura ilha tinha razoável coleção de pe– dras, que informava serem de outro plane– ta. Eram pedras rochosas, pedaços de quaE tzo, brutas, belas a1gumas, vindas do mar, polidas ou gretadas pelo sal. Minha pomb,!_ nha, venha cá: quantos anos tem você?, con ta. Pode dizer sem susto, meu doce. Há vinte anos ele era, ah, ah, militante corou nista, e procurou-me para vender ações de uma revista que nunca saiu, eu comprei a~ 32

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