MARANHÃO, Haroldo. Chapéu de três bicos. Rio de Janeiro: Estrela, [1980]. 43 p.

marrou-me as mãos, os pés, como se pudesse fugir, esmigalhado como estava, incapaz de afugentar mosca que fosse do nariz. Certa mente não seria para prevenir fuga impossí vel, senão para mais amassar minhas Últi– mas defesas psicológicas, enfraquec~-las e vulnerá-las, ampliando a sensação de desa~ paro. Falar, agora, fracamente conseguia, violentando-me, perseguindo eu próprio a recuperaçao. Quase automaticamente repeti as frases estereotipadas no metal do meu cérebro: .:. Não sei quem , e. Não quem é o Baiano. Não sei. Pude falar mais alto: ~ sei. Não sei Não sei. - Caralho: nao compreenderam que eu ~ nao sei? Júlia atropeladamente invadiu o quaE to empurrada com tamanha violência que qu~ se ia ao chão: o sobressalto atingiu-me c~ mo faca me rompendo a carne. Júlia, ela sim: os olhos espantados, pálida era como nunca a vira e a ninguém • . Voltara eu à completa lucidez, para não duvidar da sua presença transtornada, o rosto inchado de esperar e sofrer. Ilusão, mir~gem não se 18

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