MARANHÃO, Haroldo. Chapéu de três bicos. Rio de Janeiro: Estrela, [1980]. 43 p.

avam a área genital, como se meu sexo os ame a ç asse, como se precisassem inutilizar- , e aí justamente, emascular-me para não en rabar, nunca mais, as putas que os cagaran. Estaria capado? A dúvida insinuou– s e a princípio e depois se instalou com v~ emência e dureza. Não achava corno palpar– me, as mãos inertes, supus que de alguma forma me lesariam um nervo, ou feixe de ner vo s, ou o cerebelo. Aviador a~igo contou- me que seu avião fora sequestrado: o revól ver do moço roçava-lhe a nuca, alarmava-o, podia detonar acidentalmente, e meu amigo entend~u de convencê-lo a desistir, isso é loucura, besteira, burrice, coisas O menino, vinte anos ou pouco ma i s, assim. nada respondeu, a cara de pedra; apenas desafi– ve lou as calças e desqeu-as: estava capado como um porco. O piloto disse olha garoto guarda o teu revólver que eu levo a porra deste avião praonde vocês quiserem; e le- vou. Dormia, acordava, às vezes caíam as pálpebras e baixava sonolência irresistí"\.cl que não obstante não me levava à inconsci– ência absoluta. Bruscamente, fui sacudi– do, estremeci: entrou o Indio, arrancou-me da cama e jogou-me sentado numa cadeira, a 17

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0