MARANHÃO, Haroldo. Chapéu de três bicos. Rio de Janeiro: Estrela, [1980]. 43 p.

turas Ósseas, só deviam ser f r aturas, nem com as mãos alcançava lábios e nariz para remover os dejetos, cuspir não conseguia, e aflito ansiava por livrar-me da imundí- cie, usando se pudess e o resto da camisa como esfregão. Só aí perce~e r ia que nu me largaram no soalho de quarto quase sem móveis, as paredes manchadas de infilt~a– çÕes; no teto, aparentes as telhas. e dimi - nuta clarabóia, o que me deu a certeza 1 de bem antiga ser a construção, inclusive p~ lo alto pé direito. Notei uma cama:o col chão recheiado de capim mostrava ~ rasgoes e manchas; travesseiro e lençolrepresent~ riam luxo. Fora não obstante abandonado no chão; desde quando? Faltavam-me respo~ tas para as perguntas que me acudiam. Não sabia estimar a gravidade das lesões. Ar dia a garganta e causticava-me sede inten sa, fome não, mas sede, e na boca o saibo de merda, sangue e mijo. O nao cuspir an gustiava-me, e nem ao menos umedecer os beiços chagados. A do r cobria o c orpo até os dedos dos pés, mas concentrava-se na cabeça, suportada à custa de raiva, de raiva e de amor, Júlia!, como se a esmig~ lhasse uma roda de ferro, pesada, pesada, pesada roda de ferro, tudo pesado, ~ maos, 15

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