MARANHÃO, Haroldo. Chapéu de três bicos. Rio de Janeiro: Estrela, [1980]. 43 p.

se leve um sorriso sossegado - o que me en rijecia a vontade de resistir à dor e a tu do. Pensava: . não grito. Não grito. Os fi lhos da puta podem me estourar que não gri to. Júlia. Júlia. Eu não vou gritar não. Júlia. Adivinhava na pele a deliberação de seus braços atraindo no peito o _~eu ho ~em, agarrando-o como se fosse escapar. Tranquei os dentes e um nome veio, devagar, do subsolo da memória: Giuliana. Giuliana Isfrán de Martínez, paraguaia: sob furiosa tortura nada confessou, nada, porque nada tinha a confessar. Não se acovardou, ~ nao se vergou, não admitiu culpas para livrar- se dos algozes . nez, minha irmã. Giuliana Isfrán de Martí Quando me relaxava, certo de que no chão ficaria em algum repouso, recebo pat~ da no rim, outra, mais outra, de todos os lados, punhais de couro atingindo-me com ferocidade, como se lhes houvesse comido ~ as maes. Meus dentes sem explicação ~ nao se partiam, pressionados com vigor uns so bre os outros, cimentados, ou fundidos com solda elétrica , para não deixar fugir os gritos, que esmagava na garganta com raiva também; ~ nao urrava, gemia a cada pontapé, gemido só por mim percebido , quando um coi lJ

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