CELINA, Lindanor. Breve sempre. Belém, PA: Governo do Estado do Pará, 1973. 167 p. ISBN (broch.).
e apavorem, um incidentezinho de nada, isto é éomum, como sabem, é trivial" - por que tremia, então? Assim decorria o Estágio. De dia canseiras, trabalhos, uma que outra conferência de real valor, ao fim da tarde, no geral celebridades, Francis Ponge, Pierre Henri Simon, e o que fora discípulo de Teilhard de Chardin, e que lhes deu mais ou menos um "Cursinho" intensivo, uma semana de conferências sobre a doutrina do mestre. Agora vão num ônibus - é sábado de manhã - até logo, Paris, vamos conhecer a província, percorrer as caves de Reims e Epernay, catedrais e museus, vamos nos em– pilecar de champanhe, Deus, quanto vinho, as úmidas adegas, miragem das garrafas multiplicadas quase ao in– finito, até dava uma tontura. Sempre recebidos pelo prefeito, no salão nobre da Prefeitura: Ruão, Reims, Eper– nay e depois Dijon, Troyes. Cada fim de semana, uma região. Iam cantando, violão em punho, cantigas do mun– do inteiro. As comidas, pai do céu, o empanzinamento geral. A Normandia, então, que país de comilões. "É, aqui morremos cedo, apopléticos" - que eles se gabavam, for– nidos - mas valia a pena. Valia? Estourar de comer? - Vocês ainda não viram nada. Esperem por Dijon, capital da gula do mundo. - Absorver mais que isto? Vamos suicidar-nos, todos. As quatro sempre juntas, a rir de tudo. "Vocês são os pilares e o pitoresco do Estágio, repetia-lhes o coordenador. Sem vocês, que faria eu?" Ângela se integra definitivamente ao movimento, agora num entusiasmo maior, fervor que as mais íntimas estranhavam: "Ainda bem que você ade– riu, de vez, vive hoje mais alegrezinha, no começo parecia de luto." Fervor que principiou no dia em que conheceu o professor de bigodes cor-de-doce-de-buriti, M. Frank. Um holandês. Quando soube que havia um holandês no Está– gio, não sossegou enquanto não o descobriu. Tratou de aproximar-se dele. Era um desígnio (embora lutasse por deixá-lo inconsciente, mas um desígnio: M. Frank, não se iluda com estes meus agrados, Peter por detrás de tudo). O holandês, baixo, atarracado, bebedor de cerve– ja e propagador da mesma: "Então Mademoiselle não sabe que a cerveja que se bebe nesta casa - estavam no res– taurante da Aliança - vem quase toda da minha terra?" "E onde é sua terra, M. Frank (fosse Deurne) ?" "Breda, Madernoiselle, bonita cidade, limpíssima, bem arranjada, 95
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