CELINA, Lindanor. Breve sempre. Belém, PA: Governo do Estado do Pará, 1973. 167 p. ISBN (broch.).
do Sena, cais do Hotel de Ville, isto é belo, Peter não conhece, ela lhe falou em Baden Powel, ele: "O do escotis– mo?" "Nada disso, é um brasileiro danado de bom no violão, você precisava ouvir." Aprendia com Laura as _can– tigas, cantava algumas para Peter, quando ele a visitava. Foi Betsabete quem instigou: ''M. l'abbé não sabe que Angela toca uma guitarra que faz gosto?" Obrigou-a a tocar - Bete alcoviteira rezingona - para Peter, cantigas de seu país. Ele no começo não apreciou, mais aos poucos (tinha de traduzir-lhe tudo) ia achando um encanto: "São todas de dançar, não? Ou de tristezas." "Sim, somos um povo de danças, de muita ternura." "E de amores pú– blicos, proclamam ao mundo todo os seus desgostos" - uma censura, ele extremamente reservado: "Na minha terra não se fala nisso. Vou lhe dizer só esta vez, e basta. Eu a amo. E acabou-se, não me venha nunca mais com essa conversa." - Mas vem cá, manoca, me conta como foi. - ... Foi. Foi-se ... - Mas então, ácabou tudo assim, numa estação de trem, como nos romances? Não me vem com essa. Viva o "meu" final, expulsa a pontapés, no brabo, por aquele homem (quando falava "aquele homem", sua voz se que– brava, que força ainda exercia o hindu sobre Laura, quem sabe por isso mesmo, porque a castigou, deu-lhe vivências torpes que nenhum lhe dera?), em Londres, madrugada roxa, um frio!" - embora de novela de derradeira cate– goria, meu final é mais rico, concorda. Olha aqui, Ma– riângela, tu estás sozinha em Paris, tens meios, tens uma bolsa, tantos francos garantidos por mês, acabaram-se teus cursos na Sorbonne, no professorado da Aliança, estás com a gaveta entupida de papéis que por sinal não te acrescentam um côvado à estatura, sim, conheço o meu Brasil, onde vence o mais esperto, o que está na "combi– na", e não o mais capaz." Não que subestimasse esses cursos, não. "Vais dizer: fala assim porque nos estudos em Paris foi uma fracassada. Fui, e não me arrependo. Vivo. Vivi, estou vivendo, em altos e baixos. Outros cursos faço, filha diretamente com a vida, aprendo, e como. Ad– miro a tua paciência e devotamento a tudo isso. Mas já tiraste não sei quantos certificados e diplomas. Agora são férias. Larga tudo, toma um trem, vai a Amsterdam, vai com o teu Peter, o teu padre." ao
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