CELINA, Lindanor. Breve sempre. Belém, PA: Governo do Estado do Pará, 1973. 167 p. ISBN (broch.).

vem da continentalidade do País. Assim, no primeiro Wal– map, o ambiente do Piauí, do romance Beira Rio Beira Vida, de Assis Brasil, nada tinha a ver com o mundo da Trilogia de Catarina com que Alina Paim tirou o segundo lugar. De Jorge um Brasileiro, de Oswaldo França Jr., a Um Nome para Matar, de Maria Alice Barroso, a diferença é grande, aquele explorando as novidades rodoviárias do Brasil, com um estilo de ligeireza também rodoviária, esta focalizando Miracema, burgo fluminense que põe para funcionar tal como Faulkner fazia com sua cidade no Mississipe. Assim o Walmap, que teve o apoio inicial de José Luís de Magalhães Uns e foi levado à frente por Eduardo Magalhães Pinto, sob .o patrocínio do Banco Nacional, apresenta um panorama do Brasil numa década inteira, visto sob o prisma de uma verdade: a verdade da ficção. · · · O Amazonas apareceu no Wálmap em muitos roman– ces, tendo Paulo Jacob, ·escritor de Manaus, tirado menção especial no segundo e o segundo lugar · no terceiro. Tam;. bém no terceiro, Lindanor · Celina, de Belém, conquistou menção, honra que tornaria a ter no IV Prêmio Nacional Walmap, julgado em 1971, com o romance Breve Sempre, motivo deste prefácio. Breve ·Sempre não é romance da Amazônia. E, contu;. do, não deixa de o ser. O que Lindanor Celina conta nele -é a história de uma brasileira em Paris. Diga-se, desde já, da dificuldade· de se escrever romance com arribi·entes estrangei– ros. Principalmente para escritor nascido no Brasil, País que dispõe ainda, e disporá por mais de um século à nossa frente, de uma variedade de assuntos que não : nos puxa para fora {o que desejo dizer é que, no caso por exemplo da literatura inglesa, que tinha um império à sua disposição, era natural surgissem livros com bases geográficas 'Varia– das, e que um Graham Green pudesse colocar uma história na Sierra Leon-e, outra na Indochina, ·outra no Congo e ou– tra em Cuba: ·os ingíeses andavam por toda ·a parte). Con– tudo, o Brasil começou, há não muitos anos, a se tornar pre– sente no mundo. Seis mil brasileiros chegam ·por mês a Londres, mais de dez mil a Paris, quase vinte mil a Nova York. O Brasil exporta e, exportando, tem de mandar gente para o exterior. É, assim, natural que nossos romancistas comecem agora a escrever mais amiúde histórias passados na Europa e nos Estados Unidos. Um dos bons livros que li 4

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