CELINA, Lindanor. Breve sempre. Belém, PA: Governo do Estado do Pará, 1973. 167 p. ISBN (broch.).
( UMA HISTORIA QUE FLUI Antônio Olinto A multiplicidade de rumos do romance brasileiro con– temporâneo é de dar dor-de-cabeça nos analistas que te– nham a mania da unificação. Em cada fase de uma litera– tura surgem palavras-de-ordem que, proclamadas por uns poucos, devem ser obedecidas pela maioria. O fenômeno atinge às vezes âmbito mundial, e há palavras-de-ordem que nos mandam hoje seguir o estilo narrativo de, por exemplo, Michel Butor. Há não muito um brasileiro que faz crítica es– porádica - uma vez em três anos - disse-me que não lia mais romances lineares. O ter marcado a priori seu campo de ação - o único a merecer sua atenção - afastou-o das correntes da ficção contemporânea, e de tal modo que, nu– ma conversa -de meia-hora, descobri que desconhecia a quase totalidade dos bons romances publicados no mundo a partir de 1965. Pois foi a partir de 1965 que, por ter cria– do e por dirigir o Prêmio Nacional Walmap, me vi numa po– sição privilegiada quanto a boa parte da ficção brasileira. Tendo promovido cinco prêmios Walmap de então até hoje (o quinto se acha em vias de solução neste começo da se– gunda metade de 1973), pude, nesse período, ler nos origi– nais cerca de mil romances brasileiros não publicados. Muitos o foram posteriormente (calculo que, dos trabalhos concorrentes, pelo menos quatrocentos encontraram o ca– minho do livro impresso) e são hoje parte dessa variedade ficcional de que falei no começo. No meio de uma espanto– sa diversidade temática e estilística, há nesses romances uma unidade brasileira. Claro que, no caso, é uma uniqade nacional de língua e de espírito, com uma dissimilitude que 3
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