CELINA, Lindanor. Breve sempre. Belém, PA: Governo do Estado do Pará, 1973. 167 p. ISBN (broch.).

BPAV/OP 869.0(81 1.5)-31Celina, C392b ex.4 1973 Biblioteca Pública Art Paris alucinado e alucinante, pa– raíso do corpo e inferno da alma, onde todos se acham e todos se perdem, todos se condenam e to– dos se redimem e a que todos nós também que o conhecemos lança– mos um dia balzaquianamente o famoso desafio de Rastignac: - A nous deux, maintenant! É nessa atmosfera de santidade e pecado; de prazeres e dores, de sonho e pesadelo que se desenvolve a ação do romance, com a histó– ria de um amor proibido, de um amor repartido entre a terra e o céu. Os personagens vivem a sua rap– sódia amorosa por toda a velha Lutécia, na Gare Saint-Lazare, que inspirou o pincel de Monet; na rua de Vaugirard, o Val Gérard me– dieval, do abade Gérard de Moret, de Sai:..ii- Germain- des- Prés; no Jardim de Luxemburgo, o.nde vice– jam ainda os olmeiros de Maria de Medieis e à cuja sombra Wat– teau e Verlaine amavam repousar. É nesse mundo satânico e poé– tico que Lindanor Celina apre– senta esses personagens, com o drama emocionante, lancinante do amor impossível, que se converte por fim em ânsias incontidas, em desesperos insopitados, em dores incontroláveis, em lágrimas que jorram a flux. Tudo isso, porém, não fica aba– fado, sufocado num clima de tra– gédia shakespeareana, mas imer– so .num 1halo de poesia e doçura que arrasta o leitor de página a página, fazendo-o pensar, mas não estremecer. E como a autora tem o segredo das confidências disfarçadas, acre– dito que reponte em seu livro, aqui e ali, como o risco no ar da asa de um pássaro, algo autobiográ– fico, se vale o conceito de Gide, de que o romance é mesmo o ver– dadeiro livro de memórias. MACHADO COELHO

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0