LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.

BODAS DE OURO 11 ponez de quatro costados. Em todo o caso, sem que reparasse nisso, sentia enorme prazer em observai-a· e não perdia toda-e qualquer occasião que se lhe offerecia opportuna para a ver. Á missa. dominical ella não faltavà e elle estava ' sempre presente. ' J!: se em verdade os seus labios murmuravam orações ardentes, os seus olhos indicavam, se não a fonte, ao menos o alvo dêsse fervor ... Depois, via-a sahir e todo elle fremia de con– tentamento ao ouvir-lbe o bom dia costumeiro, a saudação que,na aldeia não se nega a ninguem. ' Mas aquella parecia soar de fótma differente, trazia em si alguma cousa de commovedora– mente celestial. · Assim decorriam os tempos. Car!os Benoit apurava-se nas roupas, sem mesmo buscar co– nhecer· a causa por que o fazi~. Dizem qu~ amôr sem esperança ~ o verda– deiro ahlôr. Será, mas para Carlos era causa de continuos· sobresaltos. A todo o momento sentia que a deusa dos seus sonhos·estava arriscada a pertencer ã outro. Tor~ava-se nervoso e muita vez se viu obrigado a deixar o serviço em meio para ir verificar se não , estava alguem a cercar a . casa do sr. .Brandet. Mais calmo, então, regressava· e as suas enetgias eram · redobradas no amanho ·da. terra amiga. A primavera ia já em fim.

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