LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.

BODAS DE OURO 89 « Pois não vê que, se é exacto o que a prima julga a respéito da menina Morei, qualquer pa– lavra, gesto, ou sor-riso, insignificante que seja, pq_de ser tomado; em sentido diverso~ . · . « Não a maltratei, porque não se dá isso com a niinha educação. « Onde a encontrar não lhe regateàrei as defe– rencias devidas a uma sr.ª ; mas póde estar certa de que de mim não receberá cumprimentos que possam ser mal traduzidos. « Guardarei as dey,idas distancias. • « Felizmente, para mim, devo partir amanhã pela manhã e assim não ·t~remos tão cedo océa– sião de nos encontrar, ella ·e eu. '« E se, ainda assim, continuarem as manifes- -tações dêsse amor, que eu não fiz por merecer, que Deus a proteja. . « Note-se que a considero digna da minha sympathia porque soffre os mesmos clis;:;abores que eu soffro. Tambem não me posso dizer fe– liz, quándo não consigo a attenção claquella que representa tudo quanto póde haver ele mais -caro na vida de um homem. « E a minha condição se torna ainda mais do-– lorosa, .porque, interessando-se a deusa dos meus sonhos pelos soffrimentos alheios, esquece os meus, não os attende e não os acha dign~os de ---,--sua- misericor.dia. ,-~ « Deixe estar que eu não ·contrariarei as suas _

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