LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.
.34 _BODAS DE OURO da sala e ]obrigou um sorriso communicativo a enchei~os de a r, de graça e de luz. Não havia duvida: faziam gos to no seu casa– mento . Mas com os retratos não podia conversar e elle tinha necessidade de expandir-se com al– guem. Os seus moços de campo es tavam de folga e naturalmente erravam poi· outros lados. Restava urna pobre velb'a, que, por muitos aünos já, accu– mulava as funcções de governanta .e cosinheira . sem que exigisse salario por qualquer dos ser– vi ços. Mas essa, coitada, áquella ho!'a, estaria en– tretida com as r ezas da noite/pois que, adonnecia com as gallinhas para despertar corri as -coto– vias . . . Era necessario, portanto, appellar mais uma. vez, para a passividade bovina de Martinho, confiden~e forçado de todas as aleg rias e tristezas. do seu patrão, ou melhor do filho do seu defuncto, - patrão. . E desceu ao estabu lo. Amimou o·peilo sedoso, do animal e participou-lhe que lb e ·ia dar uma. dona muito boa e· muito meiga, que não o mal– trataria. Dahi por deante, até elfe ia ficar me– lhor: Não ·trabalhava mais. Era só comer; dor- . mir e quando quizesse podia pàssea r livremente· • "pelo campo. Para o trabalho viria .outro .mais · novo e que não tivesse ainda feito jús á aposen– 'iadoria, por muitos annos de bons serviços. · · Canc;ado de aturar o· silencio ,de Martinho.
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