LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.
BODAS DE OURO 17 vras humari::1s todos os profundos sentimentos que lhe vão pelo coração e pelo cerebro. Ora, era natural que Benoit procuras~e dizer :a Clara todas as suas phanta~ias, como a vira muitas · vezes ao seu L1do, a dizer-lhe as cousas que ella naqµelle dia lhe repetira. _ Entretanto, depois de muito cogitar, como se estivesse caminhando com a pessoa que lhe me– recess.e menos atteAção no mundo, Carlos _só conseguiu_dizer: -Que tarde linda, não acha? - - É veJ'dade: linda e agradavel. Em . preciso rrrranjar outra futi!'i rlade da es~ pecie dessa, j)ara dar pasto a uma-conversação e. dessa vez foi C_lara que a externou: . _-Se os dias fossem sempre assim ... ~ Que felicidade para 'OS homens, .. - Dah i ·falvez que o nfi o fosse. Sempre a mes– ma face da natureza acabaria por nos aborrecer ... · ' -- Tem nizâo. -O encanto' âa vida ' está justamente na va– r-iedade. -É. -'-- Eu creio que se a linh~ pr.edominante na forma dos -corpos fosse a l'ecta, nada podia ha– ver mai~ monotono. - Eu tambem penso assim. -A graç.a de umà cm·va réside justamente ern ella não offerecer egual situação a dois pon- tos consecutivos. · · · ,. ·
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