LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.

124 BODAS DE OUR§ sido a supposic;ão de que um_dia eu poderia ser seu marido. -Entretanto, esqueceu-se de mim emquanto em Paris. -Nunca. Brinquei, diverti-me, mas nunca houve coisa alguma que pudesse profanar-me o corl:lção. Acatei sempre a sua lembrança. E nunca me passou pela mente um pensamento impuro, quando a e!la acudia seu nome. - E por· que se deixou ficar durante as ferias, em Paris~ Por que me queria ver~ Parece-me que não. -Confesso que foram as pandegas de estu– dante que me fizeram alli demorar. Mas não houve imagem feminina que me preoccupasse o espírito. O altar que erigi em meu coração, o culto que impuz á minh'alma, esses sempre pertenceram á prima Alice, só a ella e a mais ninguern. En– tretanto, eu nunca mereci o menor gesto de sym– pathia, que pudesse garantir a ~sse affecto tres– loucado um vislumbre de esperança. E .olhe que se ha uma exi'gencia que o amôr faça, é a de ser correspondido! · - Mas por que qualifica de tresloucado esse amôr ~ Por que o alvo não era digno delle ~ -Ó prima! Tresloucado porque eu ha muito que reconheci que a prima não me vota syq:ipathia de especie alguma. -Eu admitto que fale por si, mas que vá ao ponto de falar pelos outros, isso .é que é demais.

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0