LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.

108 . · BODAS DE OURO se procuro 'occultar: aos seus olhos -os meus sen– timentos , tão seus conhecidos, é porque temo en– façlal-a e acabar por perder a sua. tão agradavel companhia. · -Agora, sou eu que-digo: Como me desco– nhece! Não falou do "inverno? Esqueceu-se, com– tudo, do gelo que se amontôa nessa quadra do anno. Parece muito resistente, sup:porta ·pesos · extraordinarios; . mas basta um raio de sol para - .9 desfazer. . . . , - ,Dç1r-se-á caso? ... -Não se adrnire, que essa surpresa só deve - Ser' manifestada por ter tardado tanto; .. • -:Adelia, só uma cousa chega sempre fór,a · de tempo para a nossa esperança: é o desengano! O amôr, não! . É- sempre bem -vindo. Mas, di- - ze-me: Nada te constrange, não é a piedade que te move a me offereceres o teu amôr? . - Não. Surgiu da tua constaneia, nasceu do . teu affecto, inspi.rou-o a tua dedicaçã.o. Não tenhas medo de o receber. Emqúanto se poqde confundir "com a compaixão não o expuz aós , teus olhos. . Agorç1., acceita-o. O unico valor que tern, é o de jer sido uma conquista de nobresa de tua alma, . e para mim tem o encanto de recahir sobre um . homem,·capaz de satisfazer as exigencias espi- .. rituaes de qualquer mulher. .., Nesse mesmo dia, ficou convencionado -qire .o pedido seria feito no dia immedlato. Já -havia ,tardado tanto essa com.prehensão, que Paulo·que-

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