LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.
BODAS DE OURO 107_ me dedicava~ Seria tal cousa possivel, quando tão 'firme parecia aquelle sentimento~ Essa suJlposição entristeceu-a de alguma fórma. E Paulo, tomando-lhe as mãos, falou-lhe: - _A· menina .já deve estar Gançada da minha companhia. · -~ Que idéa, Paulo! Paulo estremeceu: era a pr1me1ra vez que a sua enfermeira lhe permittia esse tratamento in– timo. Mas como se não désse pelo _facto, conti– nuou: -Não .n~gue. Deve ser uma coisa bem abor– recida a gente tratar. de um doente, só porque a b_ondade do cor.ação o.brigou a isso. -Tanto não é assim, que a minha tristeza -provém _de eu julgar q,ue a minha presença Já não tem para si os encantos de outr' ora. PauJo premiu-lhe as mãos: _ - Corno me descorihece ! Já attentou, por ven– tura, para as arvores, logo que o inverno finda~ Parecem indiffefentes aos primeiros beijos do sol, _mas a frieza não é dellas senão dos nossos pro– prios olhos que se acostumaram aos dias nubla– dos da estação da neve. E a prova está em que não tardam a cobrir-se de folhas novas, a enfei– tar-se para as cari'cias repetidas dêsse mesmo sol victorioso. · -Acha que ·o tenho tratado com indifferença ~ -Não; longe de mim tal pensamento. Apenas, r
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0