LOBATO, Manuel. Bodas de ouro. Manáos: Freitas, 1909. 137 p.
/ BODAS DE OURO O seu campo offerecia um aspecto encantador, todo plantado _e cheio de rebentos viçosos . Ás arvores, ali nhadas, recebiar:i;i os beijos fe– cundantes elo sol, cheias ele immehsa submissão procriadora. Benoi t sentia-se orgulhoso do seu trabalho, e r ecebia sa tisfeito os elogios que lhe eram diri gidos.-Faltavam-lhe, porém, os applau– sos de uma pessoa , que · r_esumia para si o mundo todo . Eram os ela menina _Clar a, que continuava a preoccupal-o como nunca.. Demais, aquella primavera insuflava-lhe um ardor "hes- - usado .·ao ·sangue novo e sadio ..·. Pensava nella, por isso, muita vez, a appa-· r ecer~lhe, como por encanto , deri tre as arvores e a dizer-lhe na sua vozinha doce : -Muito bem, s r. Benoit! Muito bem! É o campo mais bo,– nito ' dês tes a.rredores ! E elle todo vermelho, todo suado, respondia, curvando-se com adeina– nes de um pagem enamorado: -Bondades, d. Clara. O meu campo .nada é compar ado á sua belleza. E sorria áquelle pensa– mento, como se rea'Jnrnnte a tivesse ao seu lado. Tanto pensou Benoit nessa felicidade qlle uma vez, num sabbado, ao levantar os olhos da terra teve uma visão do ceu ... Por entre umas cerejeiras cobertas de fructos, deparou a graciosa figura de .Clara, elegante e esbelta, ~nvolvida na sua linda toilette branéa. · O sol declinava vagarosamente para o occaso ... E tudo aSSUIIfÍa aquelle ar 'mystico que adquirerµ
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