Batuques de Belém
BATUQUES DE BELÉM O culto africano surgiu em Belém possivelmente •com a chegada dos primeiros escravos negros, para cá trazidos pela "Companhia de Comércio do Grão-Pará . e Maranhão", que celebrou o contrato de introdução dos mesmos em Pernambuco, Maranhão e Pará (1). Os negros do Pará são descendentes dos bantus e foram desembarcados em São Luiz do Maranhão, de onde vieram para Belém (2) . Hoje há mais de trinta terreiros de candomblé em Belém, espalhados pelos bairros da Pedreira, Jurunas, Guamá, Marco, Sacramenta e Cremação. Os maiores e mais afamados são os de Raimundo Silva, Maria Aguiar, Ida Carmem, da Amélia e outros. Raimundo Silva é considerado o maioral, afirman– do que foi éle quem inaugurou os terreiros de Maria Aguiar, de Colaço, do Ramos e de Ramiro . Na verdade, é comum ouvir-se dizer : "Ah ! eu es– . tou sem sorte . . . Só mesmo indo ao terreiro de Rai· .mundo Silva, para tirar o azar de cima de mim", ou "Só a Maria Aguiar dá jeito na tua vida!" Enquanto na Bahia há a preponderância do sincre– tismo gêgê-nagô (Artur Ramos, Edson Carneiro e ou– tros) que "serviria de base para as fusões posteriores" (3) , em Belém, como em outras cidades do Brasil, o culto afro-brasileiro recebe forte influência católica, ameríndia, espírita, muçulmana e bantu, o que nos leva a enquadrá-lo no 7 .º grupo da class~icação de Artur Ramos : "Gêgê-nagô-mussumi-bantu-caboclo-es– pírita-católica". O culto afro-brasileiro de Belém tem muita influên· eia indígena, talvez pela predominância do elemento mestiço, resultante da miscigenação da raça branca (português) com o índio, nas populações da planície amazôníca . 1) Nina· Rodrigues , "Os Africanos no Brasil" . 2) Edison Carneiro, "Candomblés da Bahiá" · 3) Waldemar Valente, "Sincretismo Religioso· Afro-Brasileir o " . -3-
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