As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho
C.\1' DIDO COSl A do descobrimento do Brazil, é o argumento mora l que se deduz de não transluzir dos escriptos de nenhum do companheiro de Cabral a satisfacão intima de haverem conscienciosamente conseguido um resultado: acertando em objccto de tanta ponde ração: não r eivin– dicam para si nem para os seus a gloria de tão bel_lo achado ; poi que se não ensoberbecem de o haverem feito de conscienci a. Cabral e a sua gente alegram-se sem duvida pelo seu descobrimento; porém mais ainda porque essas terras não p,ertenciam aos domínio_ de Hespanha visitados por Colombo. E de feito, se foi o acaso o que lhe deu o Brazil , grande felicidade foi que elle deves e legitimamente pertencer-lhes. A derrota de Cabral não foi devida a proposito; era a consequen- · eia necessaria do melhor conhecimehto dos ventos e mare d'A frica e de melhoramentos nos roteiros introduzidos pela experiencia. Se não vejamos. Todas as circumstancias são contrarias desde o começo até o firn: para os que na costa d'Africa navegam na proximidade de terra se– guindo a direcção do sul. Ha escolhos , baixos, correntes impetuosas · succedem-se rapida e bruscamente as vicissitude s do bom e do máo tempo , de forma que parece não haver meio termo entre as calmarias podres e as tempestades violentas . Alem destas, convem attender a outras circumstancias . O vento em Marrocos , que é regularmente noroeste, impelle o navio para [l costa, e o impede de ganhar Cabo Verde. ~o golfo de Guiné varia o vento: sopra o sudoeste , que arrasta o navio para a terra, ou então o sul, em sentido inteiramente contrario aos que vão costa a costa , para dobrar o cabo da Boa E sperança , que tambem lhes fica ao sul. Em Angola varia de novo; o vento oe.ste, que é o dominante , im– pelle o navio para uma costa semeada de escolhos. Temos emfi.m o cabo da Boa Esperança, que os Portugueses chamaram das tormentas, pelas difficuldades que tinham em dobra-lo. Estes inconvenientes da navegação da costa d'Africa foram logo exper)memados pelos Portugueses. Vasco da Gama se fez ao mar, fugindo da costa, e conseguiu volta-lo, ainda que com um grande tra– balho; Cabral julgava ter andado 650 leguas nesse sentido; em 1503 , segundo João de Empoli, Affonso de Albuquerque , que chegando a Cabo Verde , consultou os seus pilotos sobre o melhor rumo que de– veriam seguir para ganhar o cabo da Boa Esp.e.r.ança, e resolveram
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