As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho

I • CA :-S DIDO CO T A E como se explica o ·fa cto de ser Cabral port ador de pre entes, enviados ao · r ajah de . C alécut, em r etribuição , aos recebido por D . Manoel ; qu ando o grande Gama regress·ou da India ? E a expre são da cart a de Gaminha a-.D. -Manoel, na parte em· gue diz ·: <tDeu_ que aqui nos troúxe, creio que nã~ foi s~~ causa ?» Ayr es:Correia lernva comsigo par a Calecut a propna farn1)ia ~ · _ As chronicas do tempo, os h1 stonadores e a carta de Caminha, da qual devia t er .sciencia Cabra_!, não dão a conhecér·. esses. intuitos apregoados por modernos escnptores (,J: É lameni:avel que até hoje não se tenham encontrado as commu– nicações officiae s de Cabral , dirigidas ao rei , sobre tão auspicioso acontecimento , porque en tão ter-se-rua documento mais valioso sobre essa part e da hi stori a do Brazil , já tão cheia de pham asias . Acredita-se, é certo , na su_speita de Vasco da Gama quando percor– r eu o Atlantico, ao longo da Africa, da ·existenci a de terras ·ao oeste; e por isso Camões, o immortal epico lusitano , disse : . « ... á direita Não ha ce rteza de ou tra, mâs suspeita.» (31 Se esta convicção es ti vesse, por ém, firmad a no animo de Vasco d a Gama, estou certo de que fa ri a sentir ao rei a nece ssidade de empr ehender elle mesmo a viagem de Cabral, q ue ass im lhe ro ubou a glori a do de scobrimento do Brazi l. (') Em apoio da minha opinião, leia-se a interessante Memoria do immortal poeta J:,razilciro A ntonio Gonçalves Dias , a qual consta deste liHo. A c:ommunicaçáo que devia ter feito o almi rante port uguês Pedro Alvares Cabral ao seu soberano, do descobrimento do Brazil, ainda não foi achada. O que é certo. e está provado, é que ~a Torre do Tombo desappareceram documentos de inestimavel valor, ao tempo da invasão dos Philippes e dos Franceses, alem de extravios feitos por indivíduos sem escrupulos, que d'al li os tiraram para o uso particular de certos titulares. No Museu Rritannico, na Bibliotheca Nacional de França e nos archivos dessa nacáo exi'stem vnrio& documentos que deviam estar no real archivo português. . · Entre nós muitos existem no J\rchivo Publico do Rio de Janeiro e na Bibliotheca Publica, os quaes vieram de Lisboa em 18o8, quando a familia rea l portuguesa se transportou para o Brazil. Eis o motivo talvez porque até o presente teem sido infructi feras as pesquisas dos que buscam encon– trar os referidos documentos no Jogar em que deveriam existir. Acredita-se tambem que desapparecera m por occasiáo do terremoto de Lisboa em 1755,tendo-se pe rdido ~o mesmo tempo os importantes trabalhos de Fr,aBcisco de Sousa. (') Sim, havia suspei ta de outra terra, como· se deprehende do Esmera/do dé st'lli o,·bis, dirigido a U. Manoel, no principio do seu reinadó, por Duarte Pacheco~erei ra, o Achilles L:usitano, como odeaominou Camões ; mas náo havia a intenção de conhece-la. Um período desse trabalho foi publicado pelo sr. Raphael Basto no Commercio de PortugaJ em 9, 10, e 11 de julho de 1891. Por occasião do quarto centenario do descobrimento da Amcrica foi o precioso monumento cosmo– graphico dado á luz em Lisboa , em volume impresso por cont a do Estado.

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