As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho
C.l\ ~ DIDO CO TA São mui judiciosas e plausíveis as considerações do con elheiro Pereira da Silva ácerca do pretendido proposito de Pedro [vares Cabral de afastar-se da rota do seu destino para as aventura s calculadas de descobrir regiões desconhecidas, por acto resen'j du de sua imagi– nação. Estou de perfeito accordo com semelhante modo de apreciar os factos e juízos tão bem externado pelo distincto histori ador, por serem as suas deducções firmadas na logica de factós antec~dentes e subsequentes. Os designios de Cabral não eram senão cumprir :i risca as in tru– ccões recebida s de D. Manoel, devendo portanto afas tar-se da co ta africana, tomando o occidente, para então aproar ào cabo da Boa Esperança, na altura de 20 gráos de latitude sul. As correntes oceanicas impelliram-no a destino contrario, e só o acaso fê-lo de scobrir esta vasta região occidental. Ha , porém, quem affirme hoje que D. Manoel 7 dando instrucções reservadas, verbaes ou por escripto , a Pedro Alvares Cabral, tinha por fim não melindrar o monarcha hespanhol , a quem cabiam de prefe– rencia os descobrimentos de terras comprehendidas na Linha diYisoria estabelecida pelo papa Alexandre VI, e que por isso estava no seu em– penho fazer crer que o Brazil tinha sido descoberto por acaso !•) ! Se assim é, por que depois de executadas com feliz exito as s as instrucçõe~, D. Manoel, exultando de gaudio, não tornou publico mai s tarde, no seu ve nturoso reinado, esse segredo pofüico da côrte, ou melhor, essa trapaça, de que resultou tanta gloria para os executores de uma empresa tão bem calculada ?! Parece obvio esse argumento, e estou certo de que elle é o mais consentaneo sob os principias da boa razão. Ha ainda uma consideração a fazer , e é: como se sabe, as viagens ao continente africano reclamavam nesse tempo toda a attenção da parte dos navegantes, por não estar perfeitamente sondado e conhecido o tra jecto dessa navegação, e assignalados todos os perigos da costa; seria, portanto, imprudencia da parte de D. Manoel desviar Cabral, por instrucções reservadas, da derrota que devia .seguir, tornando (') , Foi este descobrimento no anno de 1500, e porque o capitáo-mór Pedro Alvares Cabral linha que f a;er sua derrota para a /ndia , aonde navegava com a armada, ames de dar ú vela, quiz dar a boa nova a Portugal, de como ao seu real sceptro se accrescentava aquel la formosa cruz, que tinha tomado posse desta grande parte do mundo novo, em nome de Christo e de el-rei D. Manoel, seu senhor. 11 Clwouica da Com– panhia de Jesus na província de Portugal, part. 1, liv. 111, cap. 1, pag. 4 30, col. t. -
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