As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho
C,\~DIDO CO TA T endo ido á terra a mandado de Cabra l o piloto ffon o Lope , sondar a b ahia l •l, encontrou dois jovens indi?enas que pe caYam. em uma almad ia, t razendo um delle arco e seis ou ete Aex.as · e alem (') 0 Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro, de .24 de março d~ 1899, tra.nscrevendo a communicaçiio .que lhe fez O illustrado Sr. capitát> de fragata Collatino :'\farques ae ousa acerca do porto do norte d e Minas em Santa Cruz, oa Bahia, foi;. ver que : :. ..... o Porto-Seguro de Cabral oáo foi de certo o Ioga-mar do actual ancoradouro de Porto• eguro, que é guarnecido de um extenso recif~, tal e q1~al o de Pernambuc~, mas cuja entrada cn_tre e~ e recife e a costa é baixa e defendida por um banco de areia e pedras soltas, nao endo, portanto, cn,·el que aquelle grande e destemido na,·egador tivesse coragem para fundear, cm uma terra de conhecida, dr!11t1·0 deste porto, porque sómente assim estaria elle em Porto•Seg uro, como ficam actualmente no Recifo o~ navios fundeados no Mosqueiro. e fundeasse no lago.mar, justamente como o lameiráo de Pernambuco . de certo não poaeria Cabral dizer que esta,·a em Porto•Se;ruro, vi to como estaria exposto aos ,·ento do sul e rneste rijos, que Ie,·antam muito mar naquella paragem, e no caso de garrarem os seu navios , com a impetuosidade do vento sul e das vagas correspondentes e correntezas, iriam todos esses navios de ·p · daçarem•se nas pedras que gnarnecem toda a costa, de de Porto• eguro até anta Cruz ou Bohin Cabral ia, na extcns5.o de doze milhas, formando, entretantr,, um bello canal muito abrigado de todos os vento para aquelle que souberem navegar por ahi, quasi agarrado com a terra. Ao passo que o actual Porto-Seguro, onde não entram senão garoupeiras ou pequenos hi(!te~. fica as im dcscripto a vot d'oiseau, ma com inteira verdade, o chamado Porto de · anta Crul , ou Ualt i,i Cabra/ia, é uma vasta enseada de seis milhas de exten áo entre a ponta da Coroa \"ermelha , ao sul, e a de anto Antonio, ao norte, correndo parallelamente à costa, ou na corda desse g ran de arco, uma linh:i de extensos e largos recifes, a maior parte dos quaes ficam a descobe1·to na occasióes dos baixa-1.1:ires lunares a ponto de se caminhar sobre clle como em uma planície, havendo quebradas entre clle , as qua.e, representam duas barra . A barra grande, que tem duas milhas de extensão e vinte e cinco metros de agua , ê de todas a mais segura, poi que pela sua largura permitte que um na,·io de vela possa bordejar a/li, obser– ,·ando com cuidado as marcas de terra. Tomando para a esquerda ou para a direita , depois de passu -ln, encontrará O na,·egador dois bellos e profundos ancoradouros, a escolher, onde o sen navio poderá de afiar todas as maiores tormentas, pois que estará em qualquer delles em porto absolutamente seguro . · e 1:l vasta e pro~u nd a enseada encontram-se oito metros jwito ao recife, que, :i laia do de Pernambuco, forma u barra do no de anta Crul, com a extensão de cinco a seis kilometros, barra esta que está a meio da enseada e defron_te da barra, e que se fosse melhorada com a remoç5.o de uma pedra chamada cab<"fª d<' 11egro, daria facil entrada para o ,·io ao naviQ.S grandes, de modo a poderem atracar ao recife pelo lado de dentro. Pelo que fi ca. dito, comprehende.se que a Bahia Cabralia pode admittir mil navios da maior tonela– gem, como se estivessem fundeados em uma doca. Isto sim, é que se pode chamar Porto-Seg11ro . mas nunca o tal Porto- eguro actual, cujo prestimo é tão sómente co 11 str1tir <>aro11peiras de dez toneladas e dedicar-se à grande pesca no vasto e piscosissimo pareei dos Abrolhos.» 0 •Cabral, quanto a nós, diz o visconde de Porto•Scguro, em sua H istoria Geral do Bra,il, fundeou mais ao sul 110 porto entre a Ponta Gorda e a foz do Buranhem ou rio de Porto-Seguro, abrigado da band, 1 do mar por varias restingas, na mais secca das quaes se effoctuaria o acto da posse. O padre Ayres de Casal diz: O rio Ruranhem, de largos tempos a esta parte só designado com o nome de rio da Cachoeira, por causa duma, que se forma no centro da província, sae cinco Icguas ao norte do do Frade. . Na Memo,·ia offerecida pelo citado \'isconde de Porto·Seguro ao Jnstituto H istorico e Geographico Brazileiro, tomo XI. , parte segunda, 1877, lê-se: Náo ha mais Jogar para hesitaçóes . Esse grande porto «muito bom e muito seguro• em que entraram, e a que Caminha denomina tambern .. bahia», é o chamado ainda hoje Porto-. eguro. Quem, depois de avis~ado o monte Paschoal, corria .a costa para O norte, em busca de um porto, não podia ~assar despercebido pela foz do Buranhem, em virtude da grande rebaixa que ahi foz a mesma costa , até entao de barreiras altas, e depois de morros, de modo que atê do mar de longe, á simples vista , se re• conhece a existencia nesse lagar de uma quet-rada ou abra, com surgidouro para navios . - ão é, pois, admissível que os pilotos deixas~em de v~r esse porto, e que, vendo -o , o desprezassem, sendo elle táo bom, sem o menor indicio de que mais adeant.é poderiam encontrar outro . Sabemos hoje que, •
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