As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho

CASDIDO COST.\ Foi por isso que no anno de 1Soo, no reinado d'el-rei D. :\lancei, 0 Venturoso, apparelhou-se aquella armada, que de cobriu o Brazil < 11 a qual s e compunha de trese emb~rcaç~es, sendo dez cara:·elas e tre navios redondos, que tinham destmo d1fferente, por seguirem un a Calecut (dez) e outr;os a Sofala (tres). O pessoal desses navios, providos para anno e meio ou doi de viagem , ascendia a 1:200 homens, escolhidos e bem armados, inclu iYe soldados, marinheiros e passageiros, e era capitão-mór dell e P edro Alvares Cabral ' 2 ), fidalgo, de familia illustre, terceiro filho de Fernão Cabral, senhor de Azurara, governador da proüncia da Bei ra e a lca ide mór de Belmonte, e de sua mulher D. Isabel de Gouvêa, e neto d Fernão Alvares Cabral, guarda-mór do infante D. Henrique. (' ) igo a opiniáo do visconde de Porto eguro, u ando da palavra Bra,il do modo por que esta escripta, sendo esta tambem a orthographia empregada pelo Dr. i\lcllo .\loracs cm diver as obr:is, por José de Vasconcellos nas Datas Celebres, pelo barão do Rio Branco nas Ephemerides B,·a,ileh-as, e por .\ lberto Pimentel no romance O Descobrimento do Braiil. . \ !em desses, muitos outros escre,·em de egual maneira . O Sr. Laffayette de Toledo publicou, não ha muito tempo, um artigo bem acabado, no qual mostra que a melhor orthographia a seguir é a dos que escrevem Brasil, sendo e ta , no eu entender, a oriniáo dos melhores escriptores, da qual entretanto me afasto. Emfim , se O nso faz lei, está ella sanccionada pelo consenso de cscriptores notavcis, que na maior p:irte escrevem Bra,il; e assim não se fáça questão da sua orthographia, que pode er seguida de ambos os modos. .\cerca do vocabulo descobrime11to, em vez de descoberta, apoio-me na auctorizada opiniúo da Lições praticas de li11g11a portugueia, pelo illustre escriptor Candido de Figueiredo. F:iço esta obsen·açáo, por ter sido ponto de discussão, em um dos orgãos da imprensa paraense, a maneira por que se escrevem a, duas palavras Ciladas. .\ palavra Brazil tem duas origens : uma latina, sobre a qual J. C. da Silva escreveu uma dissertação magistral na Rev. lnsl., XXIX, p. 2.• p. 3/35, e de que lambem trataram José ilve stre Rebello , nos dois primeiros vols. da Revista, e Candido Mendes, na introducçáo aos Pri11cipios de direito 111e1·ca11til e leis de marinha, de Si lva Lisboa, Rio, 1874, 1, CCCXL -CCCLV ; outra celtica, a que all udem Gumbleton Daunt, na Rev. Jus/. XLVII, 188.f, p. 1.• pag. 119- 120 e Bcaurnis-Rev. de /' hist. des religions, Vil p. 316 . 1:-.ota a ~ag. 8, h,·. 1 e li da Hisloria do Brap·1, publicados no Rio de Janeiro cm 1887, pelo notavel erud ito Sr. Cap1s1rano de Abreu.) Segundo .\luratori, em 1193 e 1316 appareceu notrcia de uma droga que tingia os tecidos de encar– nado, d:indo -se-lhe na Italia o nome de Brei'·1, l}recillis, Bracire, Brasilly, B,·a,_ilis e Bra;ili. O nome Braíil já era conhecido muito antes do descobrimento da America por Colombo, e as tarifa da alfandega de Ferrara comprehcndiam essa mercadoria em um dos seus artigos. Cesar Cantu; tratnndo da existencia de uma ilha na Amcrica denominada Bra,il, escreve : «E pois esse mundo só pura nós seria novo, que o não conheci amos l• . ' Pedro .\1artyr, na quarta decada, annuncia que recentemente tinha chegado das lndias occidentaes m:,deira de coccus, que servia para tingir lã, á-qual os ltalianos chamavam veri,in e os Hcspanhoes b1·a,il. Marco Polo faz della menção, e na Hespanha foi introduzida nos annos 122 1 a 1223. O primeiro documento official, dando esse nome, é o alvará de 20 de dezembro de 1530, o qual diz: .eu euvyo ora a marlim afonso de sousa do meu conselho por capitam mdr darmada que envyo á terra do brasil/ e asy de todas as terras que ele dito martim afonso na dita terra achar e descobri,·,,.- Gaffarel cr~ que foram os Franceses que dera!ll ao Braz il esse nome. (') Cabral era casado com O. Isabel de Castro, filha de D. Fernando de Noronha , e teve seis filhos : F ernão Alvares Cabral, .\ntonio Cabral, Constancia de Castro e Noronha, que casou com Nuno Furtado de ,\(endonça, D. Guiomar de CaS1 ro, religiosa dominica, D. Isabel e D. Leonor, freiras.

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