As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho

CANDIDO CO TA re peitam ao bem publico , é necessario examinar e e ta ão_ j~ t a gloriosas e uteis, que. a faltar-lhes algumas de ta rre cond1çoe é arriscado o emprehende-las. A que Chri tovão Colombo propõe e– gundo O meu parecer, nenhuma dellas tem. P ara a executar ão nc– cessarias immensa de pesas além de sacrificar um bem certo e esperanças incertas , expor a flor da mocidade ao perigos de uma longa navegação, e privar-nos dos soccorros mai apertado contra o inimigos vizinhos, que não deixariam de lançar mão da diversão da · nossas forças. ão é pois mai glorioso quando hajamo de fazer guerra, o f - ze-l a aos Mouros de Africa, inimigos do reino e da no a religião, e que só anhelam a ruina de roda a He panha? A re peito da utili– dade , que homens, que riquezas, que frota não eriam necessa ri a . para a execução da empre a de que se trata ? ó a idéa basta para demonstrar a inutilidade della. Contentemo-nos, pois, de fazer guerra á frica: esta empresa é justa, gloriosa e util ao mesmo tempo. Os Africano ão guerreiro , sua s riquezas immensa , e o adio que teem contra a nossa religi ão desme surado. E tas as razões que moveram os no so monarcha a fazer-lhes uma guerra eterna. Assim meu parecer é que se prefira uma cousa, que é real, ao que é phantastico , e que. seguindo as pisadas de nossos antepassado , conti– nuemos as no sas expedições contra estes crueis inimigos, e cuidemo sem affrouxar em abater seu terrível poder. » O Conde de Villa Real, D. Pedro de oronha , respondeu ao bispo desta maneira: « Todas as cousas desta vida dependem de certas ci·rcumstanci a , que regulam, e devem regular em tudo aos homens a regra de vida. Quando os Mouros tinham quasi sujeitado ao seu poder a Hespanha, todas as nossas forças eram poucas para enfr-ear sua ambição. Mas hoje que temos rechassado além dos mares e tes Barbaros, hoje que a Hespanha já não geme debaixo do jugo destes crueis inimigos, e nós temos cidades, e portos cornmodos no seu país, o bem do Estado, a gloria da nação, e o interesse da religião nos convidam a empresas roais nobres. O que Christovão Colombo propõe pode ser duvido o, e ainda arriscado; mas isto não deve ser parte para que desprezemos o designio de levar até a Asia a ·gloria das noss as armas. A Europa e a Africa teem experimentado a força dellas : submettamos o~ orientaes, e não ha ve rá cousa que possa hombrear com a nossa gloria . •

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