As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho
124 CA:--DJDO CO "l".\ Notemos primeiro que a America equatorial po sue diYe r a variedade de pavões e de perus: oriundo daquella terra, alli viYem no e rado selYagern. Falamos aqui dessas duas especies de aves porque amba s teem· os mesmos modos, amba se incham com orgulho, abrem em leque as pennas e fazem roda. Quem quer que haja visto os perus fazerem roda, abe q ue ne te momento tuk· é o sem um pouco abafado e muito parti cula r produ– zido por estas aves para se fazerem admirar. P oi bem e te tuk é justamente a origem de tuki, palavra quichua que sign ifica o inchado de orgulho, orgulhoso ». Os perus e os pavões são «as aves orgulho a - » ou simplesmente tukwn «as orgulhosas », como lhes chama a Bibli a . Entre as variedades de pavões do Equador e da Guyana se acha a que naquelles países chamam ocko; ora, por urna semelhança exquis ita. no epitheto «orgulhoso» tirado de tuki achamos egualmente que o grego ogkos «orgulhoso » é tarnbem tirado do pavão americano ocko. Este pormenorzinho não deixa de ser interessante poi dissemos no começo deste rel átorio que a língua grega tem parte de sua s origens na America , mormente na língua quichua. Em presença da verdade de nossa etymologia, pois que o tuki bíblico é palavra quichua, collocaremos as de alguns philologos que , Max Muller quiz pôr em relevo, pois elles suppuzeram que tuki era derivado de togei «o que pende », palavra pertencente á língua tamula; .suppuzeram ainda a palavra sigi, que mais se afasta de tuki e tentaram faze-la derivar do sanscrito sikkin «crista». Para cumulo de inverosimilhança, o doutor Gundert , que se entrega ao estudo das línguas dravidicas, applicou-se a originar togei de to ou tu e accrescenta arbitrariamente para segunda base gnu, afim de chegar a oompor tongu, d'onde faz derivar t01,igol, vocabulo tamul que signi– ficaria «cauda de pavão ». Quantos esforços, quantas tombinações engenhosas, quantas tran– sições forçadas! Só philologos de fama podem permittir-se tamanhas extravagancias. Nunca teremos a ousadia de dar semelhantes etymo- 1 logias: felizmente que a clareza e a precisão do quichua nos ,livram de tal perigo. Em seus Estudos sobre a sciencia da linguagem o philologo 1\ 1.ax Muller no diz que os menos trazidos a Salomão eram chamados pelos Hebreus koph, no plural kophim: teria podido ler kop e kopim (i ) ; e {' ) Lembramos aqu i que no hehraico o p e o p h são a mesma lettra . , I
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