As Duas Américas segunda edição ampliada da obra O Descobrimento do Brazil que o auctor publicou em 1896 no Pará. Em homenagem ao quarto centenário do descobrimento do Brazil Candido Costa; illustrações Antonio Ramalho
DU.\S A \ERlC.\ l l 5 dão o Paru-im dos Hebreu . Ei pois um dos logare biblicos perfei– tamente ir:1dicado e por nós de coberto ( 1 l . Faremos a re peito de Parvaim as observações seguintes: é que os dois rios Paru e Apu– Paru descem da provinci a Carabaya que é a mai aurifera do Peru: A se!mnda observacão é que não se deve julgar, apesar da quas1 semellrnnça dos no~es , que Peru venha de Paru_. O imperio dos Inca tinha o nome de Tahuan-tin-suyu isto é, «os quatro paí es unidos ». Peru é moderno; Pizarro chegando ao cabo Biru no Pacifico, entre o 8° e o qº de latitude meridional, deu ao país que acabava de de cobrir o no~e de Biru , e delle e fez Piru; esses nomes figuram nos manuscriptos e impressos do dois primeiros seculos que seguiram a conquista do Peru. Montesinos um do chroni tas he sp anhoes por causa da abuiidancia do ouro que se tirava do Peru, suppoz que Peru podia ser o Ophir da Bibli a . Porém faremo observar: primeiro gue o nome de Ophir não tem nada de commum com o de Paruim ou Parvaim; e cm segundo Jogar que Ophir não está no territorio do Peru, mas sim nas possessões brazileiras e colurnbiana . Os rios Paru e Apu-Paru limitam ao sul e oeste um antigo imp~rio de nome Inin, e que hoje é lendario; apontam-no os m appas de alguns missionarias, entre os quaes o mais explicito é o do p adre Sobreyiela. Inin é palavra hebraica derivada de inini ou i11e1Zi «que está convencido». Esses vócabulos hebraicos se referem -ao quichua inin «tem a fé, é crente )) . Assim o imperio de Inin é bem O imperio do crente, ou da fé . Eis pois na America um nome cujo feitio é todo oriental. Este imperio tem ainda por limites ao sul O rio Beni e a le s te o rio Cayari, que chamam hoje em português-Madeira. Beni é palavra hebraica e arabe ' que tem por significado «filho , gente de seita ou de tribu >> . Caiari é formado do hebraico ca « coragem, resolução)) e de iari «rio ,> , «rio da resolução » (2) _ Entre os rios que (') Pai-11 parece ser contractado do antigo egypcio pa-a,·u «a r ibeiran; pa,-u significa ribeira entre os . 'layomnas da Alta-Amazonia: porém esta palavra, que caiu em d~suso entre as povoações dos Andes (Antis), de,·ia na antiguidade pertencer no quichua; ainda se acha com formas corrompidas depalu oupelu «ribeira" ; chama-se ainda par i :i maior parte das origens dos grandes rios ; em qui chua para significa a chuva; e para em tupy signi fica ribeira. Em tartaro parok é a torrente . Os verbos qu icbuns ara, ala 11abrir uma fonten sáo a origem de ara, ari, aru , alu, e/11 , precedidos do artigo quichua pa_r, que foi contractado em pa , como no egypcio. Palu originou o latim pal11s, mar, pantano, porção d'agua qualquer. \'} Faremos obsen·ar que os Hespànhoes davam ao Ucaxati e outros rios cujas aguas eram brancas o nome de bla11co, e os Portugueses O de branco ; mas isso niío podia auctoriznr Martius a dar ao nomo de Caxari o senso dej/zll'ius a/bus, como fez no seu glossario · nem o quichua , nem o tnpy, nem dialecto algum das Amazonas, pode forn ecer etymologia applicavel a Cayari no sent ido de rio branco. Se existisse essa etymolo~ia, Martius, que no seu glossario aventurou centenares de raízes innrosimeis, náo teria dei– xado de dar a de Cayari.
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